Depois de ler os ensaios sobre fotografia de Susan Sontag e de reflectir sobre eles, em particular aquele em que Sontag fala da beleza na fotografia americana, fui confrontado com um novo desafio pela colecção REFLEX do THE PORTFOLIO PROJECT: publicar um pequeno livro sobre “Beleza e Fotografia”. Aceitei de imediato e parti para essa longa viagem que sabia iria ser acidentada. Dediquei por isso nos últimos meses muito tempo ao assunto da beleza na arte e em particular na fotografia. Esse compromisso “obrigou-me” a ler, não só pensadores da fotografia, para além de Sontag, mas também muitos clássicos da filosofia, de Platão a Kant, e até pensadores mais actuais como Martin Heidegger, Jacques Derrida ou Gilles Deleuze. Em determinada altura da minha empreitada, na busca permanente de textos literários sobre beleza, gostei de ser confrontado, com este poema de Miguel Torga, que parece reflectir quase tudo o que a beleza tem sido ou não tem sido desde os Gregos, quando a beleza ainda não existia autonomamente como conceito, até ao Romantismo e ao Simbolismo, quando a beleza era exaltação e sublimidade. O poema só não incorpora a “não-beleza” de uma certa contemporaneidade, que também discutiremos. Depois de aceitar o desafio e de começar a escrita, tive a percepção de que poderia “redescobrir” nos pequenos ensaios que me propunha escrever, tendo sempre como tema aspectos ligados à beleza na fotografia, algumas das grandes histórias do nosso imaginário infantil. Este livro reúne assim quatro ensaios, cada um deles inspirado numa história muito conhecida desse universo: a Branca de Neve, o Gato das Botas Altas, a Gata Borralheira e a Princesa e o Sapo.