EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL | Solo exhibition

January 19, 2020 João Alexandrino News 0 comments

CARTAZ WEB

Memórias de uma viagem

“I do things because things Happen.” Este projeto integra memórias de uma viagem a Moçambique.

 Duas semanas depois do Ciclone Idai ter evadido alguns territórios Moçambicanos o meu trabalho fica enclausurado dentro de uma memória obstinada de produção sonífera.

O Ciclone Idai.

Foi um acontecimento que me deixou enleado e muito instigado para compor nesse sentido. Nessas duas semanas desenvolvi dois projetos que se intitulam, Arquipélago e outro Eclipse; estes são meras  reflexões sobre o que tinha acabado de acontecer. Produzi diversas peças em papel japonês e papel lokta, a partir de matrizes já existentes e outras encontradas na praia. Metaforicamente as matrizes representam ilhas; quando reunidas formam arquipélagos. Elas alternam-se em diferentes ritmos, habitando espaços através da repetição,  peculiarizando uma textura de sobreposições. Um reagrupar do território. Desenvolvi 5 paisagens (5#arquipélagos) através da repetição que alternadas em diferentes posições constroem ritmos pictóricos discordantes. Em paralelo a este projeto surge outro que se chama #eclipse, no sentido de explorar diversos sistemas lunares. Um desastre natural está sempre vinculado à ocorrência de determinados fenômenos naturais. Contudo, decidi representar diversos sistemas lunares no seguimento metafórico que a lua poderia ter sido influencia energética neste acontecimento. As marés na Terra são essencialmente provocadas pela variação de intensidade da força gravitacional da Lua de um lado para o outro do planeta. Nesta continuidade  fui criando uma perspectiva de ruptura através de sobreposições e alterações descontinuadas que formam este registo, ao qual chamo #eclipse. Duas semanas depois do Ciclone Idai ter atingido a cidade da Beira em  Moçambique, levei este projeto para Maputo com outra Artista (Manuela Pimentel) que criou em “uníssono” um dialogo plástico com esta sequência.

Já em Moçambique e sem nunca ter conhecido o continente Africano, foi-nos proposto uma residência artística em diversos territórios onde iríamos  “beber” inspiração para um futuro projeto, desta vez com uma emersão mais densa e enraizada sobre o sabor destas terras.

O Puro e o Ímpio surge porque existe a “belíssima intenção de nos conhecermos e de nos apoiarmos. A arte é potenciação. Ela toma o que pode ser pouco e propõe o infinito.”

Ao contrario do resultado exposto em Maputo, Maré Cheia (titulo da exposição) “é uma alusão à tragédia moçambicana que comove e mobiliza o mundo inteiro, mas pode significar também essa ideia de que a arte é, se assim o quiser, uma abundância onde se acolhe o outro. Com estas obras, Manuela Pimentel e JAS acolhem Moçambique e sua tragédia, acolhem cada pessoa, como se dentro de uma obra de arte pudesse haver redenção, pudesse haver a simples manifestação protectora da paz e da compaixão.”

Nesta Exposição e como refere Valter Hugo Mãe, “(…)Seu desajuste é mais um modo de buscar novas realidades do que apaziguar com a realidade evidente. Na contingência de sermos efémeros, fugazes, pressentir que entendemos a perturbação essencial é algo que devemos recordar sempre, e com isso nos alegrar. O sentido do que é difícil é a condução a uma alegria muito maior.(…)”

JAS

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